A ATIVIDADE RACIONAL





Para abordarmos um tema tão complexo quanto este, é fundamental que tenhamos uma noção da importância, e dos diversos significados da palavra Razão (certeza, lucidez, motivo, causa), dentro da Filosofia, que tem nestes diversos sentidos os fundamentos para as mais profundas afirmações, por exemplo: A Filosofia:


Afirma que a verdade é racional - ao identificar razão e certeza.

Chama nossa razão de luz e de luz natural - ao identificar razão e lucidez.

Afirma que somos seres racionais, e que nossa vontade é racional - ao identificar razão e motivo (agimos e falamos movidos por motivos).

Afirma que a realidade é racional - ao identificar razão e causa.

Todos estes sentidos constituem a idéia de razão.

A Filosofia sempre considerou que a razão opera seguindo princípios (da Identidade, da não contradição,do terceiro excluído, da razão suficiente) e estes mesmos princípios desde o início deste século, tem sido alvo de releitura, em função do surgimento de novas teorias, fatos e constatações. Hoje se diz que " A filosofia confia na razão e desconfia dela". Isto porque novos princípios foram incorporados, permitindo a ampliação da idéia de razão ou seja do conhecimento racional.

Em termos filosóficos fala-se em: Razão objetiva - é a afirmação de que o objeto do conhecimento ou a realidade é racional; Razão subjetiva - é a afirmação de que o sujeito do conhecimento e da ação é racional.

A Filosofia distingue duas grandes modalidades da atividade racional realizadas pela razão subjetiva - A Intuição ou razão intuitiva, e o Raciocínio ou razão discursiva.

A Atividade racional intuitiva é um ato intelectual de discernimento, que constitui na compreensão global e instantânea de uma verdade, de um objeto, de um fato. Onde de uma só vez a razão capta todas as relações que constituem a realidade e a verdade da coisa constituída, sem necessidade de provas ou de demonstrações para saber o que conhece.

A intuição Racional pode ser: intuição sensível ou empírica e intuição racional ou intelectual.

É empírica sempre que for psicológica ou seja quando traduzir o conhecimento direto e imediato das qualidades externas do objeto e de estados internos do sujeito. Tem como marca a singularidade do objeto intuído, e a do sujeito que intui. Não capta o objeto em sua universalidade e a experiência intuitiva não é transferível a outro objeto.

É intuição racional sempre que existir o caráter de universalidade. É o conhecimento direto e imediato dos princípios da razão, das relações necessárias entre os seres ou entre as idéias, da verdade de uma idéia. Capta a essência do objeto (o que ele é). Um exemplo clássico de intuição racional é a afirmação de Descartes : " Penso, logo existo".

A atividade racional discursiva, é o conhecimento que exige provas e demonstrações das verdades que estão sendo conhecidas ou investigadas. Não é um ato intelectual único, são vários atos intelectuais, internamente ligados formando um processo de conhecimento. Como exemplo temos todas as etapas que antecedem uma caçada para o caçador - que partindo de indícios ele raciocina para chegar a uma conclusão e tomar uma decisão.

Quando um raciocínio se realizar em caráter de generalidade e universalidade, temos a dedução, a indução e a abdução.

Sempre que falamos em dedução e indução, falamos em procedimentos racionais que nos levam do já conhecido ao não conhecido. Por isso costuma-se dizer que, no raciocínio, o intelecto segue cadeias de razões, necessárias entre os fatos ou idéias. Na dedução parte - se de uma verdade já conhecida para mostrar que ela se aplica a todos os casos iguais. Ou seja a dedução vai do geral ao particular ou do universal ao individual.

A dedução é um procedimento pelo qual um fato ou objeto particulares são conhecidos porque inclusão numa teoria geral.

A indução, nela partimos de casos particulares iguais ou semelhantes e procuramos a lei geral, a teoria geral ou a definição geral que as explica. A definição ou a teoria são obtidas no final do percurso.

A abdução é a busca de uma conclusão pela interpretação de sinais, indícios ou signos. O exemplo mais simples é o modo de agir dos detetives nos contos policiais. Serve para "adquirir" conhecimento enquanto dedução e indução servem para comprovar ou verificar a verdade de um conhecimento já adquirido.

O conhecimento racional, como tudo na vida, obedece a princípios e a certas Leis Fundamentais, que respeitamos até mesmo quando não conhecemos diretamente quais são e o que são - Nós respeitamos porque somos seres racionais e porque são princípios que garantem que a realidade é racional.

Então, podemos afirmar que, o ser humano, como sujeito do conhecimento, terá que usar o conhecimento racional, seguir regras e leis fundamentais, que regem a vida em sociedade para que se possa construir a cidadania no seu sentido mais amplo.

Bibliografia:

Grande Enciclopédia Larousse Cultural

Convite à filosofia

Chaui, Marilena